Para evitar a dor de cabeça, “volta e meia” dou uma olhada e fico aliviado, pelo menos por alguns dias. Repito o ato com uma certa frequência, pois um bom Porto merece rigor, afinal, estamos diante de um símbolo que atravessa os séculos e é o principal brinde dos momentos de comemorações.
Vale lembrar que o Vinho do Porto é um vinho fortificado, produzido dentro da região vitivinícola do Douro, em Portugal. Existem vinhos fortificados produzidos em outras regiões, mas daí não podem ser chamados de Vinho do Porto.
É uma grande alegria quando encontro vinícolas e pessoas que se confundem com a história do vinho do Porto, como é o caso do “guardião” da bebida, Fernando Seixas, diretor comercial de exportação da Taylor’s para a Europa, África e América Latina.
A vinícola é, praticamente, sinônimo de vinho do Porto. Fundada em 1692, consagra-se como uma das mais antigas casas de comércio da bebida fortificada e foi a criadora do Port LBV (late bottled vintage).
Fernando Seixas esteve no Brasil no início de novembro para conduzir um almoço promovido pela importadora Qualimpor, que é a detentora exclusiva da Taylor’s no Brasil, para apresentar uma nova linha de vinhos tranquilos da casa, a Principal.
Nesta oportunidade, aproveitei para tentar desvendar quais são os “segredos” que fazem a Taylor’s ser a paixão dos amantes do vinho do Porto.
Paixão, muita dedicação e a valorização do conhecimento que foi ado de geração em geração pela família Taylor’s. Além disso, também precisamos estar atentos à inovação e, claro, ser privilegiados por ter uma das melhores regiões demarcadas no mundo para a produção de uvas para o vinho do Porto.
É essencial nos mantermos fiéis à nossa essência, bem como é essencial nos mantermos relevantes à evolução do mercado e por isso a temos sabido inovar sem comprometer a nossa essência. O Vinho do Porto é talvez dos vinhos que mais têm se inovado nas últimas décadas.
Bom, eu diria que há cada vez mais espaço para Porto envelhecido. Isso é comprovado pelas nossas vendas de rótulos muito velhos. Aliás, fomos nós que provocamos a criação da categoria dos 50 anos e do VVOP (very, very old port) que é quando a bebida tem mais de 80 anos.
É absolutamente essencial, a todos os níveis, mas apenas deve ser usada naquilo que tem de ser mudado, pois há muito que é bem feito e que não necessita ser alterado. Nós, estamos em uma região com séculos de história e de conhecimento empírico afinado ao longo dos séculos. Por isso, detemos um conhecimento que em muitos aspetos não deve ser alterado.
No Douro, temos, talvez, a região mais preparada para as mudanças climáticas, uma vez que o nosso terroir é muito quente e muito seco. Como nós não irrigamos os nossos vinhedos, eles desenvolvem um impressionante sistema radicular, além de que as castas autóctones do Douro se adaptarem ao longo dos séculos a estas difíceis condições. Por isso, podemos dizer que, sim, a Taylor’s está em muito boas condições de conservar a singularidade da produção.
O que as mudanças climáticas trouxeram foi uma grande imprevisibilidade e um maior número de fenómenos extremos.
O melhor que cabe aos consumidores é abrir uma garrafa de vinho do Porto (de qualidade), fazer isso frequentemente, e deixar que o vinho do Porto o maravilhe com a sua qualidade, história e tradição.
Os melhores vinhos do Porto que eu bebi são: Taylors Scion 1855, Vintage Taylor’s 1963 e Vintage Taylor’s 2011. A harmonização é algo bastante pessoal, mas é indispensável que seja com sobremesas e queijos, como: torta de maçã, torta de amêndoas, fondant de chocolate e foie-gras.
*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia
Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia, postulante a sommelier profissional e maratonista nas horas vagas. Na TV, fala sobre política e eleições, enquanto na internet foca em vinhos e gastronomia.