A pesquisa avaliou iniciativas do governo, iniciativas privadas, organizações da sociedade civil, academia, startups e produtores de conteúdo e mídia, trazendo um raio-x dos esforços de diferentes setores da sociedade mobilizados em torno dos desafios e oportunidades do envelhecimento.
Segundo o Censo de 2022, 10,9% da população brasileira tem 65 anos ou mais, representando um crescimento significativo em relação às últimas décadas. Em 1980, esse grupo etário representava apenas 4%. Com relação ao Índice de Envelhecimento, era de 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
Esses números apontam para um acelerado envelhecimento populacional que, combinado com a revolução tecnológica, está redefinindo como os idosos am serviços, interagem com suas comunidades e contribuem com a sociedade.
"Falar sobre longevidade é considerar o futuro. O Brasil vive um cenário de envelhecimento progressivo da população e, mais do que abordar o assunto de forma pontual, queremos realizar um trabalho perene que ajude o país a construir políticas públicas de valorização das pessoas 50+ por meio da articulação de conversas relevantes com autoridades públicas, pesquisadores, acadêmicos, profissionais e outros agentes que podem influenciar essa cadeia, além das próprias pessoas idosas", afirma Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.
Segundo o estudo, a maior concentração de iniciativas mapeadas estava na região Sudeste (62%), seguida pelo Nordeste (19%), Sul (11%), Centro-oeste (5%) e Norte (3%). A maior concentração de respondentes foi em São Paulo (42,2%), Rio de Janeiro (10,2%), Minas Gerais (9,7%), Pernambuco (7,2%), Rio Grande do Sul (5,2%) e Bahia (5,0%).
Além do Distrito Federal, 24 dos 26 estados brasileiros participaram do mapeamento com pelo menos uma iniciativa. As exceções foram o Estado do Acre e Rondônia, na Região Norte.
Entre as iniciativas mapeadas, 98,5% acreditam causar impacto social e 62,3% possuem 5 anos ou mais de atuação. Do total, 48,1% impactavam mais de mil pessoas. Entre os temas que as iniciativas consideram contribuir, estão o "envelhecimento saudável" (82%), "novas narrativas para longevidade" (70%) e "diversidade e inclusão" (66%), consideradas as mais relevantes, enquanto "educação financeira" (24%), "qualificação profissional" (21%) e "educação midiática" (17%) foram as menos relevantes.
A pesquisa aponta ainda desafios persistentes, decorrentes do alto índice de analfabetismo (15,4%) e do baixo uso da internet (51%) entre a população com 60 anos ou mais no Brasil.
"O mapeamento realizado no primeiro ano do Lab Nova Longevidade nos coloca diante de ecossistemas dinâmicos e vivos, que fazem parte de uma infraestrutura capaz de promover mudanças por meio de inovações sociais. Foi a escuta atenta e sensível, ao longo desse processo, que resultou em um mapeamento tão potente", afirma Cristiane Sultani, presidente do Instituto Beja.
"Diante do rápido envelhecimento populacional no Brasil, é essencial que haja agilidade para aproveitar essa oportunidade única de utilizar conhecimento, tecnologia e, acima de tudo, capital humano, para catalisar transformações rumo à ‘nova longevidade’. A filantropia, nesse contexto, assume uma visão estratégica para o uso do capital catalítico e é com grande alegria que o Instituto Beja vem participando dessa revolução. Vamos juntos construir uma nova narrativa", completa.
Além dos dados, o relatório do mapeamento também traz uma análise de barreiras e aprendizados compartilhados pelas iniciativas mapeadas. Segundo o documento, a educação foi identificada pelo ecossistema como uma das principais barreiras para uma sociedade participativa e equitativa para todas as idades. Outro ponto analisado foi o impacto do idadismo -- ou preconceito contra idade -- em várias manifestações culturais, institucionais e interpessoais.
Segundo o relatório, o impacto do idadismo na economia é relacionado com a exclusão desde pessoas idosas do mercado de trabalho. Na política, o preconceito contra a idade foi apontado como motivo para que cidadãos e representantes se afastem da pauta do envelhecimento, uma vez que evitariam a identificação com o tema. O autoidadismo também foi identificado como limitante para aprendizado e participação.
Os dados do mapeamento foram analisados com ajuda do "Cérebro Nova Longevidade", uma inteligência artificial (IA) especialista em inovação social para longevidade, treinada pelo time de Nova Longevidade da Ashoka. A tecnologia utiliza infraestrutura digital e tecnologias exponenciais para ampliar a sabedoria coletiva a serviços de inovadores sociais atuando no campo da longevidade no Brasil e no mundo.
"Inovadores sociais têm o desafio de ouvir as demandas das comunidades onde atuam, sem perder de vista que elas se conectam e são influenciadas por um ecossistema com diferentes atores. Entender este ecossistema é fundamental para o desenvolvimento de soluções e colaborações mais eficazes que possam alcançar um impacto mais amplo", analisa Maria Clara Pinheiro, líder global de Nova Longevidade Global na Ashoka.
O "Cérebro Nova Longevidade" reúne informação especialista e confiável para auxiliar inovadores sociais na compreensão profunda e abrangente de suas comunidades e do ecossistema geral. Isso significa que a IA é capaz de transformar o conhecimento acumulado no campo da longevidade em sabedoria coletiva a serviços do ecossistema com compromisso de atuar sobre problemas sistêmicos e escalar o impacto de inovações que respondam aos desafios e oportunidades do envelhecimento.
"Além disso, a Apurva.ia conta com ferramenta para escuta das demandas das comunidades no WhatsApp e com recurso de voz, cuja análise é feita também a partir do conhecimento acumulado pelo 'Cérebro Nova Longevidade'. Isso é particularmente importante quando reconhecemos que as velhices são heterogêneas", completa Marília Duque, co-líder Ashoka e coordenadora da pesquisa do Lab Nova Longevidade.
No Brasil, o Lab Nova Longevidade fará campanhas de escuta nos territórios para ouvir as pessoas idosas em relação a temas como Voluntariado e Cuidado, entre outros.