"A gripe não é tão grave quanto a Covid, [...] mas se a gente facilita que se chegue em um cenário desses [de surtos simultâneos], isso pode acabar impactando na necessidade de leitos hospitalares", declarou Marcelo Gomes durante a entrevista.

Mesmo com a gravidade menor em relação à Covid, Gomes destaca que a gripe também tem potencial de gerar agravamentos que levem à internação e decorram em óbitos. Os mais afetados pela doença comumente são crianças pequenas e idosos, pontuou.

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"Quando a gripe se desenvolve em quadro grave para internação, cerca de 12 a 15% de todas as pessoas que se internam infelizmente acabam vindo a morrer", afirma o pesquisador.

Nas últimas três semanas, pelo menos quatro cidades do Rio de Janeiro registraram um aumento de casos de síndrome gripal, aponta um levantamento feito pela CNN. Na capital carioca, 21 mil pessoas foram diagnosticadas com influenza H3N2 neste período.

Segundo Gomes, o surto da Influenza ainda está concentrado no estado, com predomínio momentâneo de casos leves, resolvidos em atendimentos ambulatoriais regulares. Os primeiros indícios de internação por gripe apareceram em jovens adultos, disse o pesquisador, mas os dados ainda estão sendo avaliados.

No meio tempo, avançar com a vacinação e não refrear ainda mais medidas como o uso de máscaras, para Marcelo Gomes, são ações necessárias neste momento.

"A mascara funciona maravilhosamente para a gripe também. A gente baixou muito a guarda, facilitando o reaparecimento de outros vírus respiratórios", destacou, afirmando também que a gripe acabou por ser "naturalizada" durante a pandemia de Covid-19 – já que as prioridades eram outras.

No entanto, Gomes aponta que possíveis "ruídos de comunicação" nos últimos tempos acerca da eficácia das vacinas também pode ter influenciado negativamente na taxa de pessoas que procuraram o imunizante contra a Influenza.

"Não podemos cair em armadilhas de pequenos grupos barulhentos. As vacinas são seguras e funcionam muito bem para evitar casos graves", disse.

"É importante resgatar o sentimento de confiança e adesão às campanhas de vacinação, e aproveitar o fato que o Brasil felizmente optou que toda a população financie o o gratuito às vacinas", complementou o pesquisador do InfoGripe.

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