Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2024, mais de 40 mil pessoas aguardam um transplante de órgão no Brasil. O dado ganha força nesta sexta-feira (6), Dia Mundial do Paciente Transplantado.

Patricia relata que tentou todas as terapias possíveis antes de ser submetida ao transplante. A espera, no entanto, durou quase 10 anos e foi marcada por internações frequentes, incluindo uma agem crítica no Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo, onde ficou em estado grave.

"Para que aja o transplante, você tem que ter um doador compatível, em termos de tipo sanguíneo, tamanho e idade", declara Paulo Pego Fernandes, cirurgião do Hcor, à CNN. "A fila de espera é relativamente grande, uma parcela de pacientes podem piorar a condição clínica e até vir a óbito. Por isso se insiste tanto em campanhas de doação de órgãos, para que isso não aconteça tanto", complementa.

“Nessa época, tive que entender que a vida não poderia estar só fora do hospital. Com o apoio da equipe, comemorei o Dia dos Namorados, meu aniversário. A vida não estava em espera, mas acontecendo”, relata Patricia.

Quando a cirurgia finalmente aconteceu, a escritora se viu tentada a perseguir uma paixão: o esporte.

"Com o transplante, como a condição cardíaca melhora, pacientes conseguem praticar exercícios físicos que antes não conseguiam", ressalta Paulo Pego Fernandes.

Patricia se dedicou ao triatlo e se tornou a primeira transplantada cardíaca brasileira a participar oficialmente de uma prova da modalidade. Nadou 400 metros, pedalou 32 km e correu 5 km. Além disso, eternizou sua jornada no livro "Coração de Atleta", onde narra os desafios da espera, a convivência com a incerteza e as conquistas inesperadas que o novo coração lhe proporcionou.

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O caso de Patricia é acompanhado pelo cirurgião, que também cuidou de outros pacientes transplantados, como Marcelo Faustino Martinelli, de 44 anos. Engenheiro de formação, Marcelo também enfrentou anos de espera até receber o novo coração, em fevereiro deste ano. Hoje, se recupera ao lado da família e lida com os cuidados pós-operatórios e a baixa imunidade. “Antes eu me sentia mais cansado e com a sensação de coração fraco. Agora, a maior preocupação é com o contato com outras pessoas”, explica.

Para o médico, o transplante é muito mais que uma intervenção salvadora. “Ele muda completamente a perspectiva e a qualidade de vida dessas pessoas”, conclui.

O Brasil ultraou a marca de 30 mil transplantes realizados em 2024, de acordo com dados divulgados na quarta-feira (4) pelo Ministério da Saúde. O crescimento foi de 18% em relação a 2022, superando o cenário pré-pandemia da Covid-19 e representando um recorde no número de procedimentos realizados em um ano.

Ainda assim, ainda é um desafio aumentar o número de doadores de órgãos, principalmente porque muitas doações devem ser autorizadas pela família do falecido. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 55% das famílias entrevistadas em 2024 autorizaram as doações de órgãos.

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