Zambelli arrecadou ao menos R$ 285 mil em vaquinha antes de deixar o Brasil
Deputada afirmou que valores seriam usados para pagar multas do STF e que os valores foram depositados em uma conta poupança

Antes de deixar o Brasil, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) arrecadou ao menos R$ 285 mil por meio de uma “vaquinha” virtual organizada por ela mesma, com o objetivo de pagar multas decorrentes de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
A campanha começou no dia 19 de maio, quando Zambelli publicou nas redes sociais a chave Pix para depósitos voluntários. No mesmo dia, compartilhou um extrato bancário que indicava um saldo de R$ 166 mil e disse que sua conta estava com R$ 14 mil negativos antes do início da arrecadação.
Em uma outra postagem nas redes sociais, no dia 21 de maio, a deputada publicou que estava com R$ 285 mil em sua conta e que iria guardar o montante com “zelo e responsabilidade”. Segundo a deputada, o dinheiro foi transferido para uma conta poupança.
“Conseguimos arrecadar R$ 285 mil reais nesta campanha tão necessária para o pagamento das multas injustas e completamente desproporcionais, impostas por uma perseguição implacável mas que também não me fará recuar”, afirmou a parlamentar na postagem.
Na terça-feira (3), Zambelli anunciou que havia deixado o país. À CNN, afirmou que está nos Estados Unidos, pretende ir para a Europa e pedir licença do mandato parlamentar. Disse ainda que deve residir na Itália, país do qual possui cidadania, o que, de acordo com ela, impediria uma eventual deportação para o Brasil.
Também na terça, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva da deputada federal. O pedido aconteceu em uma petição no STF e tramita em sigilo. Segundo fontes ouvidas pela CNN, a medida foi solicitada por conta da viagem da parlamentar ao exterior.
Condenação da deputada
Em maio, Carla Zambelli foi condenada pelo Supremo por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na ocasião, a Primeira Turma do STF determinou que a deputada pagasse uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.
Além disso, condenou a deputada a uma pena de 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado; perda do mandato parlamentar (a ser declarada pela Câmara dos Deputados após o trânsito em julgado); e a inelegibilidade da política.
A parlamentar também é alvo de outro inquérito no STF, no qual responde por crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Ela é acusada de perseguir, de arma em punho, um homem no meio da rua em um bairro da área nobre de São Paulo, em outubro de 2022.
Nesse caso, porém, ela ainda não foi julgada, mas também corre o risco de ter que pagar indenização, caso seja condenada.
O julgamento foi interrompido em março, após um pedido de vista do ministro Nunes Marques. Ele tem 90 dias para liberar o processo novamente para julgamento, o que deve adiar a conclusão do caso para o segundo semestre.