A manifestação do magistrado foi lida pelo ministro Edson Fachin durante evento, no Palácio do Planalto, sobre os dois anos da invasão às sedes dos Três Poderes.

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"Os atentados de 8 de Janeiro foram a face visível de um movimento subterrâneo que articulava um golpe de Estado. Foi a manifestação de um triste sentimento antidemocrático, agravado pela intolerância e pela agressividade. Um desencontro político e espiritual com a índole genuína do povo brasileiro", disse Barroso na mensagem.

Barroso afirmou ser preciso "resistir” às iniciativas extremistas e reiterar os valores democráticos. Ele criticou a narrativa de que o combate às tendências golpistas significa "autoritarismo".

"Não devemos ter ilusões: no Brasil e no mundo está sendo insuflada a narrativa falsa de que enfrentar o extremismo e o golpismo, dentro do Estado de direito, constituiria autoritarismo. É o disfarce dos que não desistiram das aventuras antidemocráticas, com violação das regras do jogo e supressão de direitos humanos”, afirmou.

Barroso encerrou a manifestação com um alerta de que a mentira tem sido utilizada como instrumento político: "não virão tempos fáceis. Mas precisamos continuar a resistir".

Cooperação entre poderes

Vice-presidente do STF, Fachin exerce atualmente a presidência da Corte neste período de recesso do Judiciário. No evento, ele defendeu o respeito às instituições democráticas e a cooperação entre os Poderes.

"A Constituição estabeleceu que o jogo é o da democracia e, numa democracia, não cabe ao árbitro construir o resultado. O juiz não pode deixar de responsabilizar quem violou as regras do jogo, mas não lhe cabe dizer quem vai ganhar", declarou.

O ato sobre os dois anos dos atos antidemocráticos foi promovido em meio a tensões recentes entres os Poderes, envolvendo a regulamentação de emendas parlamentares, além da análise, na Câmara dos Deputados, de um projeto de anistia para condenados por participarem dos atos criminosos de 8 de Janeiro.

Chamada pelo governo de "cerimônia em defesa da democracia", o evento reuniu representantes dos Três Poderes, ministros, congressistas e comandantes das Forças Armadas.

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