Corinthians, VaideBet e PCC: entenda a investigação policial   •  Montagem CNN
Policiamento reforçado no entorno do Parque São Jorge antes da votação do impeachment de Augusto Melo, presidente do Corinthians
O caso envolvendo a patrocinadora desestabilizou a política do clube, e culminou na abertura do pedido impeachment de Augusto Melo, presidente do Corinthians   •  Raul Moura/CNN
Augusto Melo com o boné da VaideBet no dia de apresentação da patrocinadora
Augusto Melo com o boné da VaideBet no dia de apresentação da patrocinadora   •  Foto: Jozzu/Ag. Corinthians
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Marcelo Mariano chega para presta depoimento à polícia
Marcelo Mariano chega para presta depoimento à polícia   •  Raul Moura / CNN
O empresário Vinicius Gritzbach, que estava jurado de morte pelo PCC, morreu após atentado no Aeroporto de Guarulhos, na tarde desta sexta (8)
UJ Football Talent Intermediação foi citada por Vinicius Gritzbach, delator do PCC. A empresa intermediou as negociações entre clube e casa de apostas.   •  Reprodução/Redes Sociais
Policiamento reforçado no entorno do Parque São Jorge antes da votação do impeachment de Augusto Melo, presidente do Corinthians
Augusto Melo com o boné da VaideBet no dia de apresentação da patrocinadora
Marcelo Mariano chega para presta depoimento à polícia
O empresário Vinicius Gritzbach, que estava jurado de morte pelo PCC, morreu após atentado no Aeroporto de Guarulhos, na tarde desta sexta (8)
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A investigação sobre o contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet, que gerou a rescisão do acordo e apura suspeitas de lavagem de dinheiro e ligação com o crime organizado, revelou divergências importantes nos depoimentos das figuras centrais do clube ouvidas pela Polícia Civil.

Três nomes ligados à diretoria do Corinthians sob a gestão de Augusto Melo foram intimados a depor como "investigados" no caso. Entre eles, o próprio presidente Augusto Melo, o ex-diretor istrativo Marcelo Mariano, e o ex-superintendente de Marketing Sérgio Moura. Eles foram ouvidos pelo Delegado Tiago Fernando Correia, do DPPC, e pelo Promotor de Justiça Juliano Carvalho Atoji, do GAECO, na segunda semana de abril.

Marcelo Mariano foi o primeiro a prestar depoimento, na tarde de 14 de abril. Em seguida, Sérgio Moura se apresentou e conversou com a polícia. O depoimento de Sérgio Moura divergiu do de Marcelo Mariano. Augusto Melo foi o último a depor, comparecendo à 3ª Delegacia do DPPC em 16 de abril.

Depoimentos

A Polícia Civil constatou que as falas dos três investigados divergiram entre si. A principal divergência se deu em relação à apresentação de Alex Cassundé. Cassundé é considerado o intermediário da negociação com a casa de apostas e é ligado à empresa Rede Social Media Design, que intermediou o acordo e reou parte da comissão.

De acordo com apuração da CNN, nenhum dos quatro ouvidos pela Polícia Civil – o que incluiria Cassundé e os três dirigentes – apresentou qualquer evidência sobre o relacionamento entre eles para fechar o negócio entre Corinthians e VaideBet.

Para a Polícia Civil, o caso está próximo de um desfecho, que deve ser apresentado até o meio de maio. Se forem identificados indícios de crime, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público com o indiciamento dos indivíduos.

A possibilidade é de que os crimes enquadrados sejam lavagem de dinheiro e associação criminosa. Caberá ao Promotor de Justiça decidir se oferecerá a denúncia ou arquivará o inquérito policial.

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Envolvimento com PCC

A investigação do caso VaideBet pelo DPPC e GAECO rastreou o caminho dos recursos pagos em comissão pelo patrocínio, identificando contas pelas quais circularam R$ 1,4 milhão.

Esse dinheiro, inicialmente desviado em duas remessas de R$ 700 mil para a Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé, teria sido reado pela empresa de Cassundé para a Neoway Soluções Integradas, em valores que somam mais de R$ 1 milhão. A sócia da Neoway, Edna Oliveira dos Santos, afirmou desconhecer o caso.

A investigação aponta que, em março do ano ado, a Neoway transferiu cerca de R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que por sua vez fez mais três transferências para a UJ Football Talent Intermediação, na casa dos R$ 870 mil.

É na UJ Football Talent Intermediação que a polícia identificou uma ligação com o crime organizado. Essa empresa foi citada por Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, um delator do PCC. Gritzbach afirmou que a UJ seria informalmente controlada por Danilo Lima, conhecido como “Tripa”, que é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Outro lado

Em nota à CNN, a defesa de Alex Cassundé afimou que o mesmo afirma categoricamente que teve sim contato com a VaideBet, e que sempre teve a melhor e mais cristalina conduta. De acordo com a defesa, documentos mostram o caminho que ele usou para chegar até a VaideBet. "Documentos sobre isso foram oportunamente juntados ao processo e são corroborados com as oitivas", diz a defesa, que completa que Cassundé manteve contato constante com assessores do clube.

A defesa afirma que Cassundé não tem informação sobre outros intermediários, pois a empresa dele foi a escolhida, após critérios internos do clube, uma vez que já havia participado de outras campanhas do clube.

"Os rees são objeto da investigação no inquérito e não podemos dar mais detalhes além do que já é de conhecimento", conclui a nota.

Em nota nas redes sociais, o Corinthians afirmou que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados.

"O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro. O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações. O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol", completa a nota do clube.

 

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