Entre as vozes que se erguem está a de Izete Costa, conhecida como Dona Nena, produtora rural da ilha do Combu, em Belém. Ela cultiva cacau orgânico e comanda a marca “Filha do Combu”, que se tornou referência em produção sustentável na região. Dona Nena usa apenas dois ingredientes no chocolate que fabrica: cacau e açúcar orgânico. A simplicidade do processo contrasta com a complexidade dos desafios enfrentados por quem vive e trabalha na floresta.

Convidada pelo governo estadual para representar os pequenos produtores na COP30, Dona Nena quer garantir que a regularização fundiária e o o ao crédito entrem na pauta. “O ribeirinho quer qualidade de vida, mas para isso precisa ter o à terra e ao crédito para investir no futuro. Sem trabalho na floresta, as famílias vão migrar para a cidade, e isso causa o êxodo rural e o desmatamento”, alerta.

Ela também teme que as mudanças climáticas acelerem a saída de jovens da floresta. “Com a entrada do turismo e as mudanças do clima, há uma mudança cultural das famílias. Precisamos de políticas para evitar isso.”

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Do Médio Tapajós, vem outra voz, a de Alessandra Munduruku. Uma das principais lideranças indígenas do Brasil. Nascida em Itaituba (PA), ela se uniu à luta em defesa de seu território ao ver a terra ameaçada por projetos de energia, mineração, grilagem e garimpo ilegal. A comunidade sofre com a contaminação dos rios por mercúrio e a insegurança provocada pela demora na demarcação de terras.

Alessandra critica o fato de os povos indígenas não serem consultados nas decisões internacionais, mesmo quando são diretamente afetados, “A gente espera que haja uma abertura, porque em todas as COPs nunca ouviram os povos indígenas. A solução não são os líderes. A solução somos nós, os povos tradicionais.”

Alessandra acrescenta, “A gente tem o conhecimento ancestral. Somos os verdadeiros protetores da floresta.”

Com as atenções voltadas para a Amazônia durante a COP30, essas vozes esperam não apenas serem escutadas, mas incluídas nas decisões que moldarão o futuro do planeta. Como lembra Dona Nena, “nenhuma discussão renderá bons frutos se nem todos forem ouvidos.”

Começou nesta sexta-feira (6) a quarta edição do TEDxAmazônia, em Belém, capital do Pará e sede da próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30). O evento é considerado um dos mais relevantes fóruns independentes de ideias e inovação voltados à floresta tropical.

Realizado no histórico Theatro da Paz, o TEDxAmazônia 2025 reunirá cerca de 700 participantes e mais de 30 palestrantes de diversos países da bacia amazônica. Com o tema “Resgate – um convite para um futuro melhor”, o encontro propõe reflexões sobre os caminhos de regeneração para a Amazônia e para o planeta.

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