Nomeado como “Agenda Betinho”, em alusão sociólogo Herbert de Souza, o projeto será encaminhado a todos os candidatos à presidência da República.
Quase 30 anos após o sociólogo Betinho lançar uma campanha nacional contra a fome, quando o país tinha 32 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, o cenário volta a se repetir no país, agora com 33 milhões sem tem o que comer, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar.
É nesse contexto que a Ação da Cidadania, criada por Betinho, decidiu lançar o documento. “O candidato que não olhar para a fome como tema prioritário está completamente desligado da realidade do Brasil. Não dá mais pra negar a fome, não é uma coisa isolada nos rincões do Nordeste, a visão é que está em todo lugar, se espalhou de uma forma muito grave", disse Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.
"E nós eleitores temos que olhar para todos os candidatos, como senador e deputado. Muitas das políticas públicas implementadas vêm do Congresso”, completou.
Entre as propostas apresentadas no documento estão a desoneração dos itens da cesta básica, a facilitação da distribuição de frutas e legumes, especialmente para as famílias em insegurança alimentar grave, o fortalecimento da agricultura familiar e a ampliação do orçamento para merenda nas escolas.
“É um olhar também para que tipo de alimento está sendo consumido. Temos que reduzir subsídios e incentivos para o consumo de alimentos ultraprocessados enquanto não existe incentivo para orgânicos e saudáveis”, avalia Afonso.
Essa é a segunda edição da “Agenda Betinho”. A primeira foi lançada em 2020 considerando as eleições municipais. Com foco no pleito de outubro, a deste ano foi construída pela Ação da Cidadania com a participação de pesquisadores, agricultores, ribeirinhos, quilombolas e indígenas.
O documento de 2022 ainda traz uma iniciativa inédita com a sugestão de políticas públicas por regiões do Brasil, vindas dos Conselhos Estaduais de Segurança Alimentar e Nutricional, organismos em que a sociedade civil participa do debate sobre as políticas públicas do setor.
“O que é preciso na região Norte pode não fazer sentido para a região Sul, por exemplo”, disse o diretor executivo da Ação da Cidadania.