Em vez de Gaza, Trump sugeriu que os palestinos recebessem um “bom, fresco e belo pedaço de terra” para viver.

Além disso, em resposta a Kaitlan Collins, da CNN, o republicano disse que Gaza tem o potencial para se tornar "a Riviera do Oriente Médio", com pessoas de diversos países vivendo lá.

Anteriormente, ele já havia dito que o Egito e a Jordânia deveriam receber palestinos, ideia que foi refutada pelos dois países. Veja abaixo a repercussão de líderes mundiais às propostas de Trump para a Faixa de Gaza.

Leia Mais:

O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita rejeitou "qualquer tentativa de deslocar os palestinos de suas terras", ressaltando que essa posição do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman é inequívoca.

A Jordânia, por sua vez, ressaltou: "Sua Majestade, o Rei Abdullah II, enfatiza a necessidade de pôr fim à expansão dos assentamentos [israelenses], expressando rejeição a qualquer tentativa de anexar terras e deslocar os palestinos".

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, advertiu que os palestinos não abrirão mão de suas terras, direitos e locais sagrados, e que a Faixa de Gaza é parte integrante da terra do Estado da Palestina, junto com a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Ele acrescentou que qualquer tomada do território pelos EUA seria uma “grave violação do direito internacional”.

Hussein Al-Sheikh, secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina, destacou que "a liderança palestina afirma sua posição firme de que a solução de dois Estados, de acordo com a legitimidade internacional e o direito internacional, é a garantia de segurança, estabilidade e paz".

O chanceler do Egito, Badr Abdelatty, discutou com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Mustafa, a importância de seguir em frente com os projetos de recuperação em Gaza sem que os palestinos deixem o território.

“Em relação à situação humanitária em Gaza, a reunião enfatizou a importância de avançar com os primeiros projetos e programas de recuperação, removendo escombros e entregando ajuda humanitária em um ritmo acelerado, sem que os palestinos deixem a Faixa de Gaza, especialmente devido ao seu apego à sua terra e sua recusa em deixá-la”, ressaltou o Ministério das Relações Exteriores egípcio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a ideia de Trump "não faz sentido". "Onde os palestinos viveriam? Isso é algo incompreensível para qualquer ser humano... Os palestinos são os que precisam cuidar de Gaza", destacou.

Benjamin Netanyahu, premiê israelense, comentou que a proposta do presidente dos EUA pode “mudar a história” e que “vale a pena realmente seguir essa via".

Ben Gvir, ex-ministro de Segurança Nacional de Israel, também apoio a ideia, alegando que "encorajar" os moradores de Gaza a saírem do território é a única estratégia correta no final da guerra. Ele pediu a Netanyahu que adote essa política "imediatamente".

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, destacou que os palestinos "devem ter permissão para voltar para casa, devem ter permissão para reconstruir, e devemos estar com eles nessa reconstrução no caminho para uma solução de dois estados".

Veículo blindado circula em meio a edifícios danificados na Faixa de Gaza • Reuters
Veículo blindado circula em meio a edifícios danificados na Faixa de Gaza • Reuters

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, pontuou que a Faixa de Gaza pertence aos palestinos e que a expulsão da população seria inaceitável e contrária ao direito internacional.

"Também levaria a um novo sofrimento e a um novo ódio... Não deve haver solução sobre as cabeças dos palestinos", ponderou.

A França reiterou oposição a qualquer deslocamento forçado da população palestina de Gaza.

Segundo Christophe Lemoine, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, isso "constituiria uma violação grave do direito internacional, um ataque às aspirações legítimas dos palestinos, um grande obstáculo à solução de dois Estados e um grande fator desestabilizador para nossos parceiros próximos Egito e Jordânia, bem como para toda a região".

O chanceler da Espanha, Jose Manuel Albares, comentou que os palestinos devem permanecer na Faixa de Gaza. "Gaza faz parte do futuro Estado palestino que a Espanha apoia, e tem que coexistir garantindo a prosperidade e a segurança do Estado israelense".

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, observou que a Rússia acredita que um acordo no Oriente Médio só é possível com base em uma solução de dois Estados.

A China, por sua vez, espera que "todas as partes tomem o cessar-fogo e a governança pós-conflito como uma oportunidade para trazer a questão palestina de volta ao caminho certo de acordo político com base na solução de dois Estados".

Leia Mais:

Hkan Fidan, ministro das Relações Exteriores da Turquia, advertiu que os comentários de Trump sobre o plano para assumir Gaza são "inaceitáveis", adicionando que quaisquer planos que deixem os palestinos "fora da equação" levariam a mais conflitos.

O Irã informou que não concorda com nenhum deslocamento de palestinos.

Anthony Albanese, primeiro-ministro da Austrália, disse: "A posição da Austrália é a mesma desta manhã, assim como foi no ano ado. O governo australiano apoia em uma base bipartidária uma solução de dois Estados".

ONU responde proposta de Trump para Gaza

O escritório de Direitos Humanos da ONU ressaltou que é crucial que o acordo de cessar-fogo para a Faixa de Gaza avance para a segunda fase, para que todos os reféns e prisioneiros "detidos arbitrariamente" sejam soltos.

Além disso, o fim da guerra é necessário para que seja possível reconstruir o território "com total respeito ao direito internacional humanitário e ao direito internacional dos direitos humanos".

"Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é estritamente proibida", alertou o escritório da ONU.

Hamas e Jihad Islâmica criticam proposta de Trump para Gaza

O Hamas rejeitou "veementemente" os planos de Donald Trump para a Faixa de Gaza. Izzat el-Reshiq, alto funcionário do grupo radical, disse que o republicano deveria se retratar das declarações "porque elas jogam lenha na fogueira".

Ele também pediu que as nações árabes realizem uma “cúpula árabe-islâmica urgente para analisar tais declarações”.

Além disso, Abu Zuhri, outro alto funcionário do Hamas, afirmou: "Nosso povo na Faixa de Gaza não permitirá que esses planos em... O que é necessário é acabar com a ocupação [israelense] e a agressão contra nosso povo, não expulsá-los de suas terras".

A Jihad Islâmica, por sua vez, argumentou que as ideias de Trump são uma escalada perigosa que ameaça a segurança nacional árabe e regional, especialmente no Egito e na Jordânia, "que a istração dos EUA quer colocar em confronto com o povo palestino e seus direitos".

*com informações da Reuters

Tópicos
Donald TrumpEstados UnidosFaixa de GazaPalestinos