Pouco após o anúncio, os mercados asiáticos abriram em alta. Enquanto o índice Nikkei, do Japão, superava alta de 1,68%, o Kopsi, da Coreia do Sul, subia 1,73%.
O Índice Composto de Xangai da China cresceu 0,66%, enquanto o Índice Hang Seng de Hong Kong subiu 0,46% e o S&P/ASX 200 da Austrália subiu 0,34%.
No pós-mercado dos EUA não foi diferente, com os futuros de Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones subindo mais de 1%.
As bolsas europeias também tiveram altas na manhã desta quinta-feira (29).
O índice de referência da região, Stoxx Europe 600, subia 0,2% às 4h37 (horário de Brasília), enquanto o índice DAX da Alemanha era negociado em alta de 0,2% no final da manhã, horário local, enquanto o índice CAC da França subia 0,5%.
O petróleo Brent, referência mundial do petróleo, também subia 1,2%, sendo negociado a quase US$ 66 o barril.
A UE ou as últimas semanas tentando negociar um acordo comercial com Washington para evitar as tarifas e ameaçou impor as suas próprias tarifas aos produtos americanos caso um acordo não seja alcançado.
"A notícia vai ser muito bem vinda pelos mercado internacionais e certamente, se essa decisão for respeitada, de imediato vai ter uma sensação de alívio muito grande principalmente para os parceiros comerciais dos Estados Unidos", afirma Carolina Pavese, professora de relações internacionais do Instituto Mauá.
Analistas ouvidos pela CNN reforçaram que ainda é cedo e incerto se essa suspensão vai se concretizar e surtir efeitos maiores para a economia global.
Porém, nesse curtíssimo prazo, batem o martelo de que, "a princípio, o mercado vai reagir muito bem amanhã", como pontua Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB investimentos.
Para além da alta do mercado, Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, destaca o efeito que essa resposta positiva dos EUA pode ter para o desempenho do dólar.
"A alta da bolsa americana pode até de alguma forma fortalecer o dólar frente ao real. A gente pode ver algum movimento de fortalecimento do dólar, dado que a gente prevê um crescimento maior da economia americana", diz Saadia.
"Então isso fala em favor amanhã talvez até de uma bolsa mais alta, porque obviamente o mercado fica animado. Mas uma bolsa mais alta combinado também com um dólar mais forte, esse é o primeiro efeito que eu imagino que possa acontecer amanhã", pontua.
O Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos barrou as tarifas recíprocas impostas por Trump no dia 2 de abril e as taxas contra a China, o México e o Canadá, destinadas a combater a entrada de fentanil no país.
A corte aponta que o presidente fez uso indevido da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para levantar as barreiras comerciais, de modo a violar o rito decisório de medidas como estas, ou seja, ando por cima do Legislativo norte-americano para impor sua vontade.
O processo indica que a IEEPA não confere ao presidente o poder de promulgar tarifas em primeiro lugar e, mesmo que fosse interpretada dessa forma, "seria uma delegação inconstitucional do poder do Congresso de impor tarifas".
Porém, o governo norte-americano pode apelar contra a decisão do tribunal - o que a Casa Branca já fez logo após o anúncio. Porta-vozes da gestão Trump saíram em defesa da política comercial, atacando o Judiciário dizendo que "não cabe a juízes que não foram eleitos decidir como direcionar apropriadamente uma emergência nacional".
A emergência nacional em questão, que Trump diz estar ocorrendo, é o desequilíbrio da balança dos EUA e o que chama de "desrespeito" por parte de seus parceiros comerciais.
E considerando como o republicano reagiu anteriormente a decisões desfavoráveis a ele, os analistas ouvidos pela CNN ressaltam que ele não deve abrir mão desse posicionamento e de sua política comercial protecionista.
"Algumas [decisões Trump] não cumpre e ataca o Judiciário, outras demora um pouco e muda a narrativa para poder sempre parecer que ele esta no controle. Mas certamente Trump irá buscar outros mecanismos e outras vias para continuar com sua política comercial protecionista", diz Pavese.
Após o apelo do governo, a disputa é encaminhada para o Tribunal de Apelações do Circuito Federal que decidirá se a IEEPA permite tarifas e se a "emergência nacional" é válida.
"As tarifas provavelmente permanecerão bloqueadas, a menos que uma suspensão seja concedida, reduzindo custos para consumidores e empresas temporariamente. Incerteza pode causar volatilidade no mercado e afetar cadeias de suprimento. Trump pode usar o apelo como alavanca em negociações comerciais", pondera William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
As partes também podem recorrer a decisão desta corte, o que levaria o caso à Suprema Corte.
"Imagino que vai subir rápido para o Supremo, que deve suspender temporariamente essa medida", afirma Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC) para Assuntos Internacionais e colunista do CNN Money.
"Supremo não está 100% alinhado com Trump, mas [...] tem, em alguns casos, concordado com a visão de Trump para não prejudicar as negociações", conclui.
Paula Zogbi, gerente de investimentos da Nomad, concorda que ainda é cedo para cravar a conclusão deste cenário e que "muita água pode rolar ainda", mas acredita que o mercado deve responder com otimismo.
"Os investidores estão buscando focar no otimismo. Estão vendo o Trump como um negociador mais do que como uma figura que vai impor essas tarifas super pesadas que poderiam ter um efeito negativo tanto para a inflação, quanto para a atividade econômica", avalia Zogbi.
"Não necessariamente esteja precificando um céu de brigadeiro, mas esse retorno aos patamares do fim do ano ado englobam um sentimento aí de que as notícias boas, o cenário regulatório, um movimento em prol de negócios, um governo mais pró-business seria o suficiente para mitigar os efeitos negativos dessas tarifas."
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta quinta-feira que não há vencedores em guerras tarifárias e alertou que "ações protecionistas correm o risco de minar a estabilidade econômica global e, em última análise, se tornarão impopulares".
Em entrevista coletiva regular, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, reiterou a posição do país sobre tarifas, apóso bloqueio da maioria das tarifas de Trump, concluindo que o presidente havia excedido sua autoridade ao impor tarifas generalizadas sobre importações de parceiros comerciais dos EUA.
O Tribunal de Comércio Internacional afirmou que a Constituição dos EUA concede ao Congresso autoridade exclusiva para regular o comércio com outros países — uma autoridade que não é anulada pelos poderes emergenciais do presidente para proteger a economia.
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