No Brasil, o alívio das cotações do dólar ante o real também favorecia a redução de prêmios, em uma sessão em que o Banco Central entrou nos negócios por meio de dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro).
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 -- um dos mais líquidos no curtíssimo prazo -- estava em 14,04%, ante o ajuste de 14,031% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,935%, com queda de 3 pontos-base ante o ajuste de 14,963%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,02%, em baixa de 13 pontos-base ante 15,153% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,96%, ante 15,07%.
O principal evento do dia -- a posse de Trump na Presidência dos EUA -- coincidiu com o feriado do Dia de Martin Luther King, que manteve a bolsa de Nova York fechada, deixando as negociações sem a referência dos Treasuries e reduzindo a liquidez nos mercados de câmbio globais.
Parte da pressão antes da posse foi retirada após uma matéria do Wall Street Jornal informar que Trump divulgará um memorando nesta segunda-feira instruindo as agências a investigarem os déficits comerciais e as práticas comerciais injustas, mas não adotará novas tarifas em seu primeiro dia no cargo.
A adoção de novas tarifas de importação por parte dos EUA tem sido um dos fatores de e para a curva de juros norte-americana e para o dólar ante as demais divisas, em meio à percepção de que isso elevará a inflação e obrigará o Federal Reserve a manter os juros elevados.
Com a notícia do Wall Street Jornal, a moeda norte-americana ou a ceder ante as divisas fortes e em relação a quase todas as divisas de países emergentes, incluindo o real.
No Brasil, a queda do dólar encontrou e ainda nos dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro) do Banco Central, nos quais foram injetados no sistema US$ 2 bilhões.
Neste cenário, as taxas dos DIs cederam, em especial nos contratos mais longos.
“Levaremos de 45 a 60 dias para entender o que Trump vai fazer de fato na Presidência. Será preciso esperar, porque isso tem a ver com o que o Fed vai fazer em matéria de juros -- o que para mim é a grande interrogação”, comentou Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos.
“Se o Fed parar de cortar juros ou reverter (o ciclo para altas), isso muda bastante o mercado brasileiro”, acrescentou, afirmando que o ambiente mais favorável nesta segunda-feira, com a queda global do dólar, justificava o recuo das taxas dos DIs no Brasil.
No trecho curtíssimo da curva, porém, as taxas pouco variaram, mantendo a precificação para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no fim deste mês.
Perto do fechamento a curva precificava 90% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base da taxa básica Selic no fim deste mês, contra 10% de chance de aumento de 125 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 88% e 12%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.
No relatório Focus divulgado pela manhã, as projeções do mercado seguem indicando um cenário de dificuldades para o controle da inflação no Brasil. A mediana das projeções no Focus para a inflação em 2025 ou de 5,00% para 5,08% e em 2026 foi de 4,05% para 4,10% -- em ambos os casos mais distantes do centro da meta de inflação contínua perseguida pelo BC, de 3%.
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