Além da Toyota, a Panasonic, Nippon Steel e Nissan estavam entre alguns dos maiores grupos do Japão que concordaram em atender plenamente às demandas sindicais por aumentos salariais nas negociações anuais que terminaram nesta quarta-feira.

As conversas estão sendo acompanhadas de perto este ano, uma vez que se espera que os aumentos salariais ajudem a abrir caminho para o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) pôr fim à sua política de anos de taxas de juro negativas já na próxima semana.

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A Toyota, maior fabricante de automóveis do mundo e tradicionalmente líder das negociações anuais, disse que concordou com as exigências de aumentos salariais mensais de até 28.440 ienes (R$ 957,87) e pagamentos recordes de bônus.

Mantendo a prática anterior, a empresa não forneceu um valor percentual para o aumento salarial.

“Estamos vendo um forte impulso para aumentos salariais”, disse o principal porta-voz do governo e secretário-chefe de gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi.

“É importante que o forte impulso do aumento salarial se espalhe para as pequenas e médias empresas.”

O BoJ também está observando atentamente os resultados como um dado essencial para decidir quando acabar com as taxas negativas, em vigor desde 2016.

O BC japonês, que manteve estímulos expressivos e taxas ultrabaixas durante mais anos do que outros países desenvolvidos, numa tentativa de reanimar a economia, realiza a sua próxima reunião sobre os juros nos dias 18 e 19 de março.

"O resultado da negociação salarial anual deste ano é fundamental" para decidir o momento de uma saída do estímulo expressivo, disse o presidente da autoridade monetária, Kazuo Ueda, ao Parlamento nesta quarta-feira.

Os trabalhadores das principais empresas pediram aumentos anuais de 5,85%, de acordo com o maior grupo sindical do Japão, Rengo, que, se confirmado, ultraaria o nível de 5% pela primeira vez em 31 anos.

Efeito cascata

Em outro sinal positivo, a Associação Japonesa de Trabalhadores de Metal, Máquinas e Manufatura (JAM), sindicato que representa os trabalhadores de pequenas indústrias, disse que os aumentos salariais garantidos aos integrantes superaram as expectativas e houve uma mudança na mentalidade dos trabalhadores.

"Os japoneses estão finalmente começando a perceber que a diferença entre os salários dentro e fora do país está aumentando significativamente", disse o presidente da JAM, Katahiro Yasukochi.

As pequenas empresas empregam sete em cada 10 trabalhadores no Japão, mas têm encontrado dificuldade para oferecer aumentos salariais consideráveis ​​porque têm menos poder para transferir os custos para os clientes.

Akihiro Kaneko, presidente do Conselho Japonês de Sindicatos dos Metalúrgicos, ecoou o sentimento de Yasukochi, dizendo estar esperançoso de que os resultados deste ano possam levar a um ciclo virtuoso de salários mais altos e inflação.

As principais empresas, como a Toyota, estão sob pressão do governo para facilitar aumentos salariais em sua cadeia, para que os salários reais, que são ajustados à inflação, possam reverter uma sequência de 22 meses de quedas consecutivas.

"Esperamos que nossos resultados possam se espalhar por todos os nossos fornecedores", disse o diretor de recursos humanos da Toyota, Takanori Azuma, aos repórteres.

"Precisamos continuar pedindo aos fornecedores de primeiro nível que reem isso aos fornecedores de segundo nível e assim por diante", disse ele, acrescentando que, em última análise, as decisões salariais cabiam a cada empresa individualmente.

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