A COP30, que será realizada em Belém, traz oportunidades concretas para mostrar que a preservação ambiental pode ser também um excelente negócio.

Além de pautar a agenda climática global, o evento servirá como vitrine para um Brasil muitas vezes desconhecido, mas com enorme potencial em tecnologia verde, bioeconomia, turismo sustentável e energia limpa.

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Transição Energética: um diferencial competitivo

O Brasil é líder na transição energética e se destaca por sua matriz elétrica limpa, com forte presença de hidrelétricas, usinas eólicas, solares e termoelétricas a biomassa.

Também tem ampla experiência no uso de biocombustíveis como etanol, biodiesel e biometano, seja de forma pura ou misturados a combustíveis fósseis. Do mesmo modo, há pesquisas inovadoras em hidrogênio verde.

Apesar desse avanço, poucos fora do país conhecem essa realidade. A COP30 será a chance de apresentar esse portfólio ao mundo e atrair investimentos.

Um exemplo é o potencial do Nordeste para receber data centers movidos a energia renovável, o que pode interessar a empresas comprometidas com metas de descarbonização. Para isso, é fundamental ampliar a infraestrutura de transmissão elétrica e superar gargalos logísticos.

Turismo Sustentável: o lado invisível da Amazônia

A Amazônia é conhecida por sua importância climática, mas pouco explorada em seu potencial turístico. A infraestrutura que será implantada em Belém para a COP30 pode impulsionar o turismo ecológico, valorizando paisagens naturais, cultura local, gastronomia e produtos da bioeconomia.

Essa é uma chance de conectar o mundo a uma Amazônia real e diversa, com roteiros que envolvem povos tradicionais, trilhas sustentáveis e experiências culturais autênticas.

Bioeconomia: floresta viva e renda ativa

A bioeconomia é uma das maiores apostas para conciliar desenvolvimento e preservação. Produtos como açaí, castanha-do-Brasil, óleos vegetais e plantas medicinais mostram como a biodiversidade amazônica pode gerar valor agregado e renda local.

Hoje, muitos desses produtos já são exportados, mas outros ainda carecem de escala e apoio logístico. Um exemplo é a castanha colhida no Acre, sendo frequentemente processada na Bolívia por falta de infraestrutura brasileira, sendo depois exportada como produto boliviano com maior valor agregado.

Agroflorestas e agricultura de baixo carbono: produção com inteligência climática

Técnicas sustentáveis como o Sistema ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) e a recuperação de pastagens degradadas mostram ser possível produzir mais, com menos impacto.

Em cidades como Paragominas (PA), essas práticas têm ganhado espaço com apoio de crédito e assistência técnica.

No Acre, comunidades tradicionais e indígenas desenvolvem agroflorestas que combinam alimentos e espécies nativas, como castanha-do-Brasil. O resultado é geração de renda, preservação florestal e resistência ao desmatamento.

Mercado de carbono e financiamento climático: o valor da floresta em pé

A Amazônia concentra um dos maiores estoques de carbono do planeta, e isso precisa ser valorizado.

Projetos de REDD+ e manejo sustentável já geram créditos de carbono usados para compensar emissões. Esse mercado, se bem regulado e transparente, pode beneficiar diretamente as comunidades locais.

O financiamento climático também é essencial. Programas como o Fundo Amazônia demonstram o potencial de investimentos em reflorestamento, energias limpas e infraestrutura verde.

Mas para avançar, é preciso superar a burocracia, garantir a participação das populações tradicionais e integrar políticas com mecanismos de mercado.

É chegado o momento

Mais do que um evento diplomático, a COP30 pode ser um turning point para o Brasil.

Temos nas mãos a oportunidade de unir sua vocação ambiental com um projeto de desenvolvimento moderno, inclusivo e competitivo.

Mas vitrine não basta — é preciso mostrar conteúdo, compromisso e capacidade de execução. O mundo estará olhando para Belém, mas o que ele verá depende das escolhas que o país fizer agora.

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