Segundo a pesquisa mais recente do Índice de Alfabetismo Funcional (Inaf), com dados de 2024, 48% das pessoas entre 50 e 64 anos tiveram baixo desempenho nos testes digitais, acertando entre zero e 1/3 dos itens.
Nessa faixa etária, outros 46% ficaram na média - acertaram entre 1/3 e 2/3 do teste - e apenas 6% obtiveram alto desempenho, ou seja, acertaram 2/3 ou mais dos itens.
O teste incluiu atividades como fazer uma compra online, escolher um filme para ver no streaming ou simular uma inscrição com preenchimento de dados pessoais (nome, data de nascimento, número da identidade) em um formulário virtual.
Com quase metade das pessoas entre 50 e 64 anos praticamente inapta a essas ações consideradas simples para o ambiente digital, há dúvidas se todos os aposentados e pensionistas lesados conseguirão fazer a contestação pelo app.
O novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller, afirmou - em coletiva de imprensa nesta quinta-feira - que não haverá atendimento presencial para a contestação.
Segundo Waller, os aposentados e pensionistas que tiverem dificuldade com o aplicativo poderão ligar para a central telefônica de atendimento (135) para que um servidor do INSS possa ajudá-lo. A equipe da central será reforçada.
Conforme mostrou a CNN, a ideia do governo é, a partir das contestações no aplicativo, distinguir a "fatia" dos R$ 6,3 bilhões que de fato não foi autorizada pelos beneficiários.
A ideia é cobrar das próprias associações suspeitas o ressarcimento aos aposentados. Elas terão 15 dias para comprovar o aval expresso do beneficiário ou pensionista.
A falta desse documento - que a entidade é obrigada por lei a guardar - levará à conclusão de que o desconto não foi autorizado, e o reembolso será cobrado da entidade, em prazo também de 15 dias.
O valor da restituição não será enviado pela associação diretamente às pessoas prejudicadas, mas pago ao INSS, que vai reá-lo ao segurado por folha suplementar.
(Colaboraram Taísa Medeiros e Ester Cauany)