Lupi foi pressionado e pediu demissão nesta sexta-feira (2), nove dias após deflagrada operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) mirar um esquema ilegal de descontos associativos de aposentados e pensionistas, mesmo não sendo citado pela investigação.

Já o ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, só deixou o governo no dia 8 de abril, após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por desvio de emendas parlamantares.

Ao entregar o cargo, ele ajudou a costurar o seu sucessor junto com a cúpula do União Brasil.

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Juscelino se manteve no ministério mesmo sob investigação. Quando foi indiciado pela Polícia Federal em junho de 2024, Lula bancou a permanência dele no cargo, dizendo que só o afastaria se ele fosse denunciado pela PGR.

No governo, a justificativa é de que a investigação de Juscelino se referia a atividade parlamentar e não tinha relação com a função dele no governo.

No caso de Lupi, o governo não conseguiu explicar por que o então ministro da Previdência demorou para agir mesmo sendo alertado em junho de 2023 das suspeitas de irregularidades envolvendo associações.

Além disso, foi durante a gestão de Lupi que os descontos de aposentados e pensionistas explodiram, entre 2023 e 2024.

Outro ponto também difere o tratamento dado aos ex-ministros. No caso de Juscelino, a avaliação é que a crise era localizada, de difícil assimilação por parte da população e até mesmo pouco explorada pela oposição.

Em relação a Lupi, a avaliação é que a "farra do INSS" – como denominou a PF – é um escândalo que causa forte comoção popular e chances reais de acabar em I.

Como mostrou a CNN, o Palácio do Planalto avaliou que a permanência enfraquecia o discurso de que o governo agiu com rigor no combate às fraudes no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).

A estratégia do Palácio do Planalto para conter a crise tem sido enfatizar que desmontou um esquema de descontos ilegais de aposentados e pensionistas que iniciou em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (PL). Porém, encontra dificuldades para explicar por que o ministro da Previdência demorou para agir para coibir as fraudes.

Lupi foi alertado em junho de 2023 das suspeitas de fraudes, mas levou dez meses até o INSS implementar regras mais rígidas. No período, os descontos ilegais de aposentados e pensionistas seguiram aumentando.

A determinação no governo é sempre destacar que a Controladoria-Geral da União (CGU) começou a auditoria em junho de 2023. Um ano depois, a Polícia Federal entrou na investigação que culminou na Operação Sem Desconto, deflagrada no último dia 23.

Auxiliares do governo item que, embora Lupi não seja citado na investigação, é difícil explicar por que o ministro não agiu imediatamente para interromper os descontos ilegais feitos por associações, que explodiu durante a gestão Lula.

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