Integrantes da equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam ser possível manter a meta de recuperação do grau de investimento para o Brasil, apesar da piora na perspectiva do rating do país anunciada na sexta-feira (30) pela Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco.
Tanto no Ministério da Fazenda quanto no do Planejamento e Orçamento, a avaliação é de que a janela de oportunidade aberta pela crise do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode ser aproveitada para retomar o debate de revisão de despesas do governo.
O próprio Fernando Haddad, titular da Fazenda, externou essa visão em entrevista coletiva nesta segunda-feira (2), ao falar em “correção de distorções” e “reformas estruturais”.
Nas duas pastas, há quem se queixe de que o Congresso poderia avançar com pautas que indicariam disposição a reduzir gastos, como os supersalários no setor público, em discussão no Senado, e as despesas previdenciárias dos militares, na Câmara.
Haddad e integrantes da Fazenda querem avançar com a revisão de gastos tributários associada à discussão sobre o IOF.
Fontes da equipe econômica lembram que o ministro e auxiliares próximos são favoráveis a revisão de despesas governamentais, tarefa a cargo do Planejamento, que tinha um secretário, Sérgio Firpo, dedicado ao tema e responsável por estudos que foram enviados à Fazenda.
No Congresso, por sua vez, a demanda é por sinais mais claros de que Lula está disposto a “cortar na carne” em nome do ajuste fiscal, e não apenas contar com aumento de arrecadação.
O senador Efraim Filho (União-PB), presidente da Comissão Mista de Orçamento, disse acreditar em uma solução negociada entre governo e Congresso para a situação do IOF que contemple uma agenda de corte de despesas do Executivo.
“Não adianta querer que só o setor produtivo contribua sem que o governo indique disposição de cortar na própria carne”, afirmou o senador. “A recuperação do grau de investimento depende da credibilidade das medidas do governo.”
Em entrevista à CNN, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), presidente do grupo de trabalho da reforma istrativa, afirmou que o colegiado por avançar em questões fiscais e que “insistir na alta do IOF vai ser um erro”.
"Fomos contratados para entregar um pacote de legislação para um Estado mais eficiente, mas isso não impede que nós façamos um aditivo desse contrato e possamos incluir um capítulo específico de ajuste fiscal”, afirmou o parlamentar.
“É um orçamento muito engessado, com excessivas indexações, vinculações, e isso precisa ser enfrentado com medidas muito duras."
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