A entrega foi feita por Ricardo Mussa, presidente da SB COP (Sustainable Business COP), iniciativa que reúne empresas de 42 países. Juntas, essas companhias representam 77% do PIB global e empregam 74 milhões de pessoas.
“Este é um marco importante. O setor privado apresenta, com antecedência, suas prioridades para a agenda climática”, afirmou Mussa à CNN.
Ele destacou que o documento é apenas o ponto de partida.
“Ainda teremos muita discussão até a COP. Nosso foco será mostrar exemplos reais de projetos bem-sucedidos pelo mundo. Esta será a COP da ação, e a SB COP vai contribuir com pragmatismo e soluções concretas.”
O texto entregue à presidência da COP30 traz cinco diretrizes centrais:
Dobrar a eficiência energética global com incentivos e regulações.
Triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, garantindo confiabilidade da rede e armazenamento.
Fomentar combustíveis sustentáveis com pesquisa e regulamentação.
Inserir métricas circulares nas cadeias de suprimentos e incentivar reciclagem.
Incentivar o uso sustentável de materiais com P&D e ecodesign.
Criar uma taxonomia global e estimular o uso de materiais pós-consumo.
Promover educação e capacitação para mudanças de comportamento.
Alinhar metas climáticas, de biodiversidade e uso da terra.
Tornar a bioeconomia central na COP, com mobilização de financiamento e soluções escaláveis.
Expandir práticas de baixo carbono com apoio técnico e financiamento.
Assegurar transição justa para agricultores, com métricas padronizadas e o a crédito.
Integrar as SbN aos mercados regulados de carbono, com critérios científicos.
Uniformizar formas de medir impacto e considerar contextos regionais.
Promover as SbN como ferramentas-chave para atingir o “net zero”.
Universalizar o a água, saneamento e energia com infraestrutura de emissão zero.
Ampliar mobilidade urbana sustentável e logística de baixo carbono.
Enfrentar o déficit habitacional com construções sustentáveis e soluções baseadas na natureza.
Reduzir barreiras ao capital em países em desenvolvimento com instrumentos financeiros adaptados.
Integrar mercados de carbono com transparência e interoperabilidade.
Atrair investimentos para setores de difícil descarbonização.
Financiar a transição justa com metas claras de empregabilidade e qualificação.
Integrar trabalhadores informais, validando e desenvolvendo habilidades.
Formar uma nova força de trabalho resiliente, com currículos voltados à economia verde.
Inspirada no modelo do B20 — braço empresarial do G20 —, a SB COP busca influenciar as discussões na “blue zone”, onde ocorrem as negociações oficiais entre mais de 200 países.
Além das recomendações, o grupo também seleciona 50 projetos sustentáveis de empresas para apresentar na conferência.
A ideia é mostrar que o setor privado já possui soluções concretas para os desafios climáticos. A lista será divulgada em agosto.
A SB COP pretende ainda lançar um projeto com impacto e visibilidade internacional durante a COP30.
Lideranças empresariais consultadas pela CNN avaliam que o cenário internacional é especialmente favorável à maior participação do setor privado.
Entre os fatores, destacam-se a formação de uma aliança entre empresas e governos contra o negacionismo climático — simbolizado por autoridades como Donald Trump — e o engajamento da presidência brasileira da COP, que tem convidado diretamente o setor empresarial para participar da construção de soluções.
Outro aspecto relevante é o contexto da COP30 em Belém, que deve contar com forte mobilização de ONGs e movimentos sociais, como mostrou a CNN em março.
Esse ambiente aumenta a pressão sobre o setor privado para se posicionar com propostas concretas e comprometidas com a agenda ambiental.